#RapBR #RapLGBT | Da ira à descontração, Murillo Zyess expõe com uma sinceridade própria a intimidade de sua mente e coração em seu novo álbum – “Subconsciente”. O MC paulistano, agora com 26 anos, apresenta um disco versátil onde não poupa canetadas ásperas contra a LGBTfobia, o machismo e o racismo, mas também temas que vão do amor ao sexo e a valorização da música como instrumento de salvação.
“Subconsciente” foi lançado na primeira semana de julho de 2020 e é o terceiro trabalho do MC, dando sequência ao seu EP solo “No Recinto” (2018) e álbum “S.E.R.” (2019), esse último através do coletivo que integra, Quebrada Queer.
Em entrevista exclusiva, Murillo aborda com franqueza detalhes sobre a construção de seu álbum e das vivências que inspiração cada uma de suas faixas. O MC analisa, ainda, os impactos da cypher “Quebrada Queer” (2018) em sua carreira e no movimento Hip Hop, e fala sobre produções suas que estão por vir.
A CONSTRUÇÃO DE “SUBCONSCIENTE”
“Subconsciente” foi lançado em julho de 2020, em meio ao isolamento social em função da pandemia de Covid-19. Apesar do imprevisto, o álbum já estava em processo de finalização quando a quarentena no Brasil teve início: “Consegui terminar as gravações antes de começar o isolamento social. Ele [o álbum] estava mais em processo de mixagem e masterização. Já tinha feito as fotos de divulgação, então não tinha porque segurar. Sabia também que não ia conseguir (risos). Estava muito ansioso, tinha muito anseio para que as pessoas conhecessem esse trabalho novo”, diz o artista.
Sem deixar a militância de lado, é possível perceber desde a primeira audição que o álbum traz para o primeiro plano sentimentos e vivências de Murillo que já estavam presentes em trabalhos anteriores, mas em menor proporção: “Quis inovar em tudo, praticamente: em sonoridade, temas, visual, tudo. Já tinha abordado alguns temas em “No Recinto“, que ampliei no Quebrada Queer, então não quis trazer uma mesma estética e temática nesse trampo. Esse álbum é muito do meu cotidiano, do meu dia-a-dia, são coisas muito presentes e atuais.
Quis explorar novos caminhos. Ainda falando da minha realidade, questionando coisas que questionei nos trampos anteriores, mas fazendo isso de outras formas. Falo muito sobre insegurança, mas também flerto com uma segurança que projeto em mim para ter. Falo também sobre meu lazer, sobre coisas que me entretém e me divertem, sobre os rolês que faço e explorei essa pegada mais descontraída, celebrativa. Falo sobre flertes e sedução, mas também sobre romance e sobre medos”.
O próprio título, “Subconsciente”, faz referência ao processo de construção do álbum onde o MC permitiu-se voltar ao passado e explorar ainda mais suas habilidades artísticas. “Todas as referências eu trouxe de resgates de memórias da minha adolescência, de minhas referências musicais, estéticas, de identidade. Resgatei tudo isso e trouxe para meu momento atual. Tudo isso foi acontecendo de forma subconsciente. Explorei muito minha capacidade artística. Ousei cantar mais, criar melodias diferentes. Quero ousar ainda mais no visual com coreografia – porque sinto que o trabalho pede isso e é algo muito meu, de coisas que absorvi na adolescência e não desenvolvi ainda. Quero uma identidade visual mais desenvolvida e mais composta, mais artística. Tudo isso foi sendo desenvolvido no meu subconsciente”.